Ditadura nunca mais
Hoje se completam 56 anos que um golpe militar financiado pela burguesia foi imposto no Brasil. Foram mais de duas décadas em que os militares coordenados pelo governo dos EUA à serviço do Capital prenderam, torturaram e mataram muitos trabalhadores e estudantes que lutavam por liberdade, por melhores condições de vida e trabalho.
Durante a ditadura militar, a concentração de riqueza nas mãos de pouco cresceu, o arrocho salarial contra milhões aumentou, as condições de trabalho pioraram e as manifestações contra toda essa violência foi combatida pelo Estado com mais violência, que se concretizou em exílio, espancamentos, torturas, prisões e assassinatos cometidos pelos agentes do Estado.
A Comissão da Verdade através de documentos oficiais do próprio Estado comprovou que mais do que colaboração, as grandes empresas, inclusive as multinacionais instaladas aqui, investiram no golpe militar para conter as lutas da classe trabalhadora que ameaçavam seus interesses.
No final da década de 70, nós como classe conseguimos retomar a intensidade de nossas lutas, grandes greves gerais aconteceram e além de garantirmos reivindicações imediatas como a reposição das perdas salariais, aumento salarial e direitos básicos, o ascenso dessas mobilizações foi fundamental para contribuir na luta pelo fim dessa forma de governo que aniquilou parte expressiva de uma geração que lutou pelos direitos que temos hoje.
No 31 de março de 2020, num momento em que no mundo todo lutamos para combater a disseminação de um novo vírus que já matou mais de 30 mil e lutamos em defesa de direitos básicos para os trabalhadores e os mais pobres, o governo federal, através do repugnante ser Bolsonaro, de seu vice Mourão e do Ministério da Defesa, fizeram elogios a um dos períodos mais sóbrios e sangrentos do Brasil.
O vice-presidente general Hamilton Mourão usou suas redes sociais para defender o golpe militar, assim falou Mourão: “há 56 anos, as FA [Forças Armadas] intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição do General Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil”. O general, além de saudar um regime que torturou e matou trabalhadores que lutavam por melhores condições de vida e trabalho, ainda tem a desfaçatez de tentar reinventar a história, dizendo que a ditadura enfrentou a corrupção e garantiram reformas que desenvolveram ao Brasil, quando na verdade o governo militar não só potencializou a corrupção nas estruturas do Estado, como impôs políticas que garantiram ao Capital mais lucros, às custas de mais arrocho salarial, e miséria para imensa maioria dos trabalhadores.
Bolsonaro, mais do que um defensor do golpe de 64, deseja fazer um governo aos moldes dos governos militares que se impuseram na base da força de repressão do Estado para poder avançar nos ataques contra à classe trabalhadora, comemorou o 31 de março de 1964, dizendo que no dia de hoje se comemora o “dia da liberdade”. Para completar o espetáculo de horror desse governo, o Ministério da Defesa publicou na noite de segunda-feira, dia 30/03, uma nota em alusão à data do golpe militar em que chama a tomada de poder pelos militares de “marco para a democracia brasileira”. E o informe do Ministério da Defesa, conhecido como ordem do dia, diz também que: “à época, os empresários e a imprensa entenderam as ameaças daquele momento, se aliaram e reagiram”. Ou seja, esse governo que a cada dia mostra seu ódio aos trabalhadores e aos mais pobres, que em plena pandemia de um vírus que já contaminou mais de meio milhão de pessoas e matou mais de 30 mil, celebra o golpe militar financiado pela burguesia porque quer fazer o mesmo e com mais intensidade, um massacre aos direitos da classe trabalhadora.
NÃO ESQUECEMOS E NÃO PERDOAMOS, DITADURA NUNCA MAIS: o dia de hoje é, para nós, um dia de gritar bem alto DITADURA NUNCA MAIS e FORA BOLSONARO, hoje das janelas enquanto temos que lutar pelo devido isolamento social para combater a disseminação do coronavírus, fortalecendo a luta nos locais de trabalho e nas ruas que vai se ampliar em defesa da vida, dos empregos e dos direitos.
Lembrar e homenagear todos os nossos que foram mortos e assassinados pela ditadura militar e seguir na luta em defesa da vida e dos direitos do conjunto da classe trabalhadora.