Chile: repressão violenta do Estado não consegue frear luta dos trabalhadores
Via Intersindical.org.br
A luta dos trabalhadores e estudantes chilenos segue contra as consequências das políticas que se iniciaram durante a ditadura de Pinochet que privatizou tudo que o Capital escolheu para se transformar em mercadoria rentável para seus interesses.
Previdência, saúde, educação, saneamento, água, tudo que é essencial para garantir a subsistência básica da população é privado, a consequência disso foi uma maior concentração de riqueza nas mãos de poucos, enquanto a maioria da população sofre com o arrocho salarial e a miséria.
O pavio da revolta se ascendeu quando o governo de Sebastían Piñera fez um decreto aumentando a tarifa de transporte, mas isso só foi o estopim de uma luta que enfrenta a política do Estado do Capital, os trabalhadores e estudantes continuam ocupando as ruas, fazendo greve em luta por sua dignidade.
O governo para tentar acabar com essa intensa luta, colocou o braço armado do Estado para prender, torturar e matar, mas não conseguiu impedir a continuidade da revolta que está espalhada por todo país.
Arrancaram olhos, torturaram, violentaram, prenderam, mas nada adiantou, a luta continua: mais de mil pessoas foram presas, mais de 100 pessoas foram atendidas nos hospitais com ferimentos graves nos olhos, desses, mais de 30 perderam a visão de um dos olhos, há centenas de denúncia de tortura e também de violência sexual, todos esses crimes cometidos pela repressão estatal.
Enxergar que é necessário lutar para ter melhores condições de vida vai além da visão dos olhos: os relatos de jovens que perderam a visão de um olho por conta das balas da repressão, é mais do que um depoimento de coragem é o relato daqueles que enxergaram para além do que os olhos podem alcançar, é o relato de quem sabe que para buscar viver com dignidade é preciso lutar. Vários já perderam a visão de um olho, outros esperam por cirurgias, mas não recuam, se recuperam dos graves ferimentos e se preparam para continuar na trincheira da luta.
Luta que nessa semana fez desabar em chamas um dos prédios símbolos da ditadura Pinochet, o Complexo de Tejas Verdes, localizado na cidade de San Antonio foi um dos principais locais de tortura praticada pela ditadura de Pinochet, que através da Operação Condor contou com o auxílio de militares brasileiros que foram destacados para irem ao Chile ensinar as barbaridades que aplicavam no Brasil contra os que lutavam contra a ditadura financiada pela burguesia no Brasil.
O governo do bilionário Sebastían Piñera que odeia os mais pobres e os trabalhadores tentou acabar com as manifestações com um discurso hipócrita dizendo que o Chile estava em guerra contra um inimigo poderoso que usava da violência para desestabilizar o país, mas nada como a realidade para mostrar que o inimigo a ser enfrentado é seu governo capacho dos interesses capitalistas, nada como a realidade para mostrar que a violência que fere e mata vem das mãos de seu governo.
Não adiantou aumentar a repressão e nem o anuncio de novas medidas de governo, a luta no Chile se amplia por melhores condições de vida e trabalho: o governo ao mesmo tempo em que anunciou o cancelamento do reajuste das tarifas de transporte e energia , novos reajustes nas aposentadorias e no salário mínimo e subsídios para o atendimento de saúde, também tenta ampliar a repressão contra os milhares que seguem firmes nas manifestações é para isso que serve seu projeto enviado ao Congresso Nacional para tentar criminalizar as manifestações.
Os trabalhadores e os estudantes seguem em luta, as manifestações se espalham pelo país, pois as medidas econômicas anunciadas pelo governo estão longe de resolver a situação que levou milhares à miséria, estão longe de resolver o fosso da desigualdade social provocado por uma política de Estado a serviço de atender os interesses do Capital que submete os direitos e vida da classe trabalhadora a seus interesses privados.
A luta no Chile, é a luta que vai chegar aqui no Brasil, não por um sonho que ela se realize, mas pela necessidade que vai se impor na realidade, pois todas as medidas do governo Bolsonaro têm o mesmo objetivo: retirar de quem nada tem, para garantir mais riqueza para quem se farta através da exploração e da miséria de milhões.