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A posse do novo governo só confirma seu projeto: menos direitos e mais violência

Fonte: www.intersindical.org.br

(Brasília – DF, 02/01/2019) Detalhe da pasta sobre a mesa no gabinete presidencial. Foto: Marcos Corrêa/PR

Libertar o país do socialismo, do gigantismo estatal e da ideologia de gênero? De qual país imaginário Bolsonaro falava?

Pois no mundo real, no Brasil em que ontem ele tomou posse como presidente da República, não existe nada que chegue perto.

Vivemos num país capitalista, em que todos os governos de plantão, sejam os da ditadura militar, sejam os eleitos após a redemocratização, garantiram que as pautas da burguesia fossem atendidas, ou seja, menos direitos e mais arrocho salarial contra os trabalhadores, piores condições de vida e trabalho e mais medidas seja através do Parlamento, do Executivo e do Judiciário para facilitar aos capitalistas a expansão de seus lucros.

No Brasil real, mais de 5 milhões de crianças vivem na extrema miséria e mais de 12 milhões na miséria. Em 2018, os 10% dos mais ricos no país ficaram com 43% da massa de rendimentos, enquanto os 40% mais pobres, ficaram com apenas 12%.

São mais 54 milhões na miséria e num ano aumentou em quase 2 milhões as pessoas que vivem com menos de R$85,00 por mês. São mais de 20 milhões de trabalhadores desempregados e outros milhões na informalidade, não recebendo salário que dê conta de garantir condições dignas de vida. Ou seja, a reforma trabalhista dos patrões, apoiada por Bolsonaro, veio para manter e ampliar as demissões.

Antes, as estatais serviram para garantir as condições básicas de infraestrutura necessárias às empresas, entre elas grandes multinacionais que se instalavam no Brasil principalmente a partir da década de 50, mas já na de 90, grandes estatais se tornaram mercadoria rentável ao Capital e portanto, desde então estão sendo privatizadas. Quando não as privatizações clássicas, em todas as esferas do governo se impôs as Parcerias Públicos e Privadas (PPP’s).

O que mais se fala seja através dos discursos do presidente e de parte considerável de seus ministros é o combate as “ideologias”, tentando esconder com esse discurso, o objetivo de impor a sua ideologia. Uma ideologia que passa por cima da Constituição que determina um Estado laico, aumentando a discriminação contra as religiões que não rezam a cartilha dos que hoje estão no governo.

Uma ideologia que tentará impedir que a escola também seja o espaço em que se discuta e se formem seres humanos que entendam que ser diferente não significa ser desigual, que mulheres não são objetos, que homens não são seres superiores. E assim mais do que ser conivente com a violência contra homens e mulheres homossexuais, com o aumento da violência que mutila e mata meninas e mulheres vítimas da violência sexual, retrocederão para acabar com o pouco que se conseguiu até hoje no combate ao feminicídio e a homofobia.

A família de quem esse governo diz defender? Pois, a realidade mostra que entre os mais de 20 milhões de desempregados hoje no país, estão pais e mães de família que foram demitidos para que as grandes empresas pudessem explorar ainda mais outros pais e mães de família que estão sofrendo com o arrocho salarial e a perda de direitos.

Que defesa da família é essa, que defende que as Polícias possam sair atirando para matar e tenta responsabilizar a defesa dos Direitos Humanos pela criminalidade? Quem segue morrendo nas periferias são os jovens pobres e negros. A ficha criminal imaginária da repressão estatal se dá pela condição social e pela cor.

Que defesa da família é essa que cega os olhos para milhares de mulheres que são espancadas e assassinadas por seus ex-maridos e namorados? Que defesa da família é essa que ao tentar proibir a necessária e devida discussão sobre asexualidade, contribui para manter a impunidade contra os homens que estupram e abusam sexualmente de crianças e adolescentes, violência essa acontece em grande parte dentro do que se chama núcleo familiar? Que defesa de família é essa, que ataca homossexuais e tenta ignorar que casais gays cada vez mais adotam crianças rejeitadas por casais heterossexuais?

E que combate é esse à corrupção, que se cala quando os denunciados são assessores dos filhos do presidente, ou seus ministros? O que fará a estrela da operação lava jato que só colocou na cadeia o PT e alguns do MDB e manteve o PSDB e outros livres impunemente e agora foi empossado Ministro da Justiça?

Novamente é hora de enfrentar tanta hipocrisia e demagogia e enxergar que a pauta desse governo é retirar direitos, piorar as condições de trabalho e vida e avançar na ideologia da classe economicamente dominante que quer cada vez mais seres humanos submissos e servis aos interesses do Capital

No primeiro dia de governo, Bolsonaro impõe um salário mínimo de R$ 998,00, ou seja, menor ainda do que a previsão de R$ 1.006,00 que o nefasto governo Temer colocou na proposta do Orçamento. E o tal super ministro da economia, Paulo Guedes quer impor uma Medida Provisória para buscar atalhos para sua reforma da Previdência, atacando trabalhadores rurais e dificultando ainda mais o acesso dos trabalhadores aos devidos benefícios previdenciários.

Gerações de nossa classe que vieram antes de nós lutaram muito para que tivéssemos os direitos que os patrões e seus governos tentam retirar dos trabalhadores. Muitos foram presos, exilados, torturados e mortos, é por isso que nossas bandeiras e camisas seguirão sendo vermelhas, pois não vamos nos esquecer jamais de todos os nossos que deram seu sangue e sua vida por lutar por um mundo melhor.

Os Sindicatos de luta e demais Organizações que de fato estão comprometidas em defender a classe trabalhadora em seu conjunto, não arredarão o pé da organização na base, seja nos locais de trabalho, estudo e moradia para avançar na necessária luta em defesa dos direitos e da vida.

Mais do que um direito conquistado na luta, seguir lutando é nosso dever, contra o avanço da violência estatal a serviço do Capital que se enriquece na exata medida que aumenta a opressão e a exploração contra os trabalhadores.

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