Segundo semestre pode repetir números de 2010 no setor automotivo
Mesmo diante de um novo recorde de vendas, 1 milhão 737 mil veículos licenciados no primeiro semestre, 10% de aumento sobre igual semestre do ano passado, exatamente o dobro do crescimento esperado para o ano todo frente a 2010, a Anfavea preferiu não rever suas projeções para o total do ano, ao menos nos próximos dois meses.
Cledorvino Belini, presidente, argumentou durante a divulgação de resultados, realizada na quarta-feira, 6, que o segundo semestre deste ano deverá ser estável com relação às vendas do mesmo período do ano passado, e que os reflexos das medidas macroprudenciais tomadas pelo Governo Federal no fim de 2010 serão sentidos com maior ênfase a partir de agora.
O executivo ressaltou ainda que o primeiro semestre de 2010 foi marcado, até março, pela elevação das vendas por conta do fim da redução do IPI, e pela mesma razão o período imediatamente posterior, abril a junho, mostrou-se desaquecido.
Outro fator que levou a entidade a manter a projeção de vendas em 5%, ao menos por enquanto, é a média diária registrada de janeiro a junho deste ano, de 14 mil unidades em 124 dias úteis, que “deverá permanecer estável”. Na comparação com o mesmo semestre de 2010, entretanto, esta média é 9% maior.
As medidas de restrição ao crédito também devem desacelerar o crescimento do setor automotivo nos próximos meses, afirmou Belini. Principalmente no que diz respeito aos financiamentos: até dezembro do ano passado 68% das vendas de veículos aconteciam por meio de financiamento e 32% à vista. Atualmente a fatia das vendas parceladas caiu para 62%.
As vendas de veículos importados também foram predominantes para o desempenho do semestre, de acordo com Belini. Enquanto os licenciamentos de veículos nacionais cresceram 3,9% de janeiro a junho os importados registraram alta de 38% no mesmo período.
Os licenciamentos de junho foram os melhores para o mês em toda história, 304,3 mil unidades, expansão de 15,8% perante junho do ano passado, mas 4,5% abaixo ante maio. Em junho, com 21 dias úteis, a média diária foi de 14 mil 492 veículos, 0,1% acima da de maio, com 22 dias úteis. Com relação a junho de 2010 houve aumento de 16% nas vendas diárias.
Belini considerou normal o estoque registrado em junho, equivalente a 33 dias de vendas. Preocupante, para o executivo, é quando o patamar chega acima de quarenta dias: “O problema é o preço que se paga para manter este estoque. Com 35 dias já começa a pesar para as fabricantes”. Em junho o estoque total era de 342 mil veículos, sendo 104,2 mil veículos nos pátios das fabricantes e 237,7 mil unidades nas concessionárias.
As vendas anualizadas, de julho de 2010 a junho de 2011, mostram que o mercado está 12,3% maior do que o período anterior, somando 3 milhões 672 mil unidades.