Redução de salários e banco de horas não garantem empregos. Todos ao Ato do dia 12, em SP
Diante da crise de superprodução vivida pelo capital, começam a aparecer propostas indecentes da parte dos empresários, que querem continuar mantendo seus lucros astronômicos.
A questão é que estas propostas jogam o problema, que é dos empresários, para os trabalhadores, dentro da velha lógica de que a “corda sempre arrebenta no lado mais fraco”.
As propostas apresentadas agora, de redução de jornada, redução de salários e implantação de banco de horas, não são novidade. Assim como não é novidade que vários sindicatos da Força Sindical e da CUT aceitem esses acordos, que trazem prejuízos aos trabalhadores. Tudo isso, nós assistimos na década de 90 e, por isso mesmo, já sabemos que não resolvem os nossos problemas, que não garantem nosso emprego e não impedem as demissões.
Para isso é preciso estarmos juntos, enfrentando a pressão que os patrões estão impondo. E organizar nossa luta a partir dos locais de trabalho e construir uma grande campanha em defesa do emprego, dos salários e dos direitos.
Flexibilização: esse filme nós já vimos e foi péssimo aos trabalhadores
Foi também na década de 90 que surgiram as câmaras setoriais, com as discussões sobre banco de horas e outras “fórmulas mágicas”, que não impediram o desemprego. Os metalúrgicos chegavam a trabalhar 56 horas semanais com salários reduzidos e, ainda assim, milhares perderam seus empregos, como por exemplo, os 2.800 companheiros da Ford de São Bernardo do Campo, que foram demitidos às vésperas do natal de 1998, apesar dos acordos desastrosos feitos pelo sindicato dos metalúrgicos de lá.
O desemprego naquela época foi realmente assustador, lá e aqui. Ou seja, os péssimos acordos não garantiram o emprego a ninguém.
Por isso, nunca assinamos acordos rebaixados e se tivéssemos aceitado a redução de direitos, os prejuízos ao trabalhador teriam sido ainda maiores na primeira metade da década de 2000, quando as contratações cresceram e a produção atingiu níveis altíssimos.
Depois da tempestade… mais tempestade
Como vimos, a retomada do crescimento não trouxe de volta os direitos que aqueles trabalhadores perderam, onde os sindicatos aceitaram acordos rebaixados.
Os trabalhadores perderam, inclusive a cláusula que garante estabilidade aos doentes e lesionados; tiveram o adicional noturno reduzido de 50% para 35%; amargaram a implantação do banco de horas e a flexibilização da jornada.
Nem com a produção recorde dos últimos dois anos, aqueles trabalhadores conseguiram reconquistar esses direitos.
Empresários aproveitam momento para “quebrar paradigmas” e tentar retirar direitos
Este exemplo da década de 90, deixa claro que o capital sempre passou e passará por crises cíclicas, com o objetivo de regular a produção e manter os lucros em alta. Neste momento, os empresários estão pretendendo dar continuidade à reestruturação produtiva que implantou na década passada, extinguindo postos de trabalho e levando cada trabalhador a produzir além de suas forças.
Diante disso, continuamos mantendo nossa posição incondicional de defesa dos direitos dos trabalhadores e afirmamos que não aceitaremos nenhum acordo de redução de salários ou direitos.
Veja abaixo as propostas defendidas pelos 4 sindicatos:
– fim das demissões e readmissão imediata dos demitidos
– nenhuma redução de direitos
– redução da jornada sem redução dos salários
– contra o banco de horas e flexibilização da jornada
– contra a suspensão dos contratos de trabalho
– Decreto Lei do Governo Federal garantindo a estabilidade no emprego