Manifesto da Campanha Salarial: A hora é de unificar as lutas. NÃO ao Pacto Social!
Enquanto o governo federal alardeia por todos os cantos o crescimento do País, a situação dos trabalhadores não é nada confortável: ritmo alucinado dentro das empresas, aumento das doenças do trabalho e a inflação corroendo nossos salários a cada dia.
O fato é que este crescimento só tem beneficiado os grandes empresários e banqueiros.
Os trabalhadores continuam endividados.
Esta contradição tem levado a um crescimento das greves e mobilizações dos trabalhadores em todo país, como aconteceu com professores, metalúrgicos da Volks e servidores públicos.
É a classe trabalhadora manifestando toda sua insatisfação com a política do governo Dilma e com a afronta dos empresários.
Neste segundo semestre, outras categorias combativas irão se somar a essas lutas para enfrentar a pressão dos patrões e do governo federal, que certamente tentarão nos empurrar o discurso de que é preciso segurar os reajustes salariais para conter a inflação.
Aliás, o governo já está fazendo esse discurso.
Frente ao crescimento das lutas, ao agravamento da crise econômica internacional e à proximidade de grandes campanhas salariais, os patrões fazem pressão para tentar desconstruir as mobilizações dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, conseguir uma série de benefícios que garantam seus lucros.
Parte desses benefícios já foi oficializada pela presidente Dilma Rousseff, com o Plano Brasil Melhor, em que o governo abre mão de R$ 25 bilhões em impostos para satisfazer os interesses dos empresários.
Além disso, o BNDES já anunciou que vai desembolsar R$ 147 bilhões em forma de financiamentos para a indústria.
E, mais uma vez, as montadoras serão beneficiadas com a redução de IPI até 31 de julho de 2016.
Medidas que irão esvaziar os cofres públicos para encher os cofres privados.
Este mesmo governo fez um corte de 50 bilhões no Orçamento, retirando recursos da saúde, educação, funcionalismo, agora fala em apertar os cintos e realizar um ajuste fiscal frente à crise internacional.
Não ao Pacto Social!
Na verdade, o Plano Brasil Maior acontece num momento em que as empresas estão faturando muito e acelerando o ritmo de produção.
Sem o menor constrangimento, Dilma atende a uma parte das reivindicações que vêm sendo defendidas pelo Pacto Social, selado em maio entre a Fiesp, CUT e Força Sindical, no “Seminário Brasil do Diálogo e Desenvolvimento”.
Este pacto funciona da seguinte forma.
De um lado, as empresas são beneficiadas com desoneração da folha de pagamento, redução de impostos e incentivos fiscais.
Do outro, estas centrais sindicais fechariam acordos salariais com reajustes menores contribuindo com a diminuição da massa salarial e retirando direitos.
Ou seja, somente os trabalhadores perdem.
É preciso ressaltar que essas mesmas empresas que defendem medidas contra importações são grandes multinacionais que enviam bilhões de dólares para suas matrizes no exterior.
E tem mais: as maiores importadoras do País são as montadoras de veículos que têm plantas aqui, mas também produzem seus veículos em outros países e os exportam para o Brasil, com preços infinitamente mais altos.
Mas o Pacto Social não é uma novidade no Brasil.
Essa fórmula nada mais é do que uma retomada do que foram as Câmaras Setoriais criadas na década de 90, com a suposta intenção de desenvolver a indústria e criar empregos.
Na teoria, todos deixariam de ganhar um pouco pela manutenção dos empregos e desenvolvimento do país.
Mas, na prática, só os trabalhadores tiveram prejuízo, com perda de emprego, achatamento salarial e aumento do ritmo de produção.
Já as empresas viram seus lucros se multiplicarem. Portanto, tudo não passou de uma grande enganação.
É bom lembrar que não existe possibilidade alguma de pacto entre classes distintas e que todas as vezes que isso aconteceu foi para tirar ainda mais da classe trabalhadora.
O Brasil cresceu, eu quero o que é meu!
É hora de unificar as lutas da classe trabalhadora. Não vamos cair nessa armadilha preparada por patrões e governos.
Os metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira, Santos e a Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, já deram a largada à Campanha Salarial 2011, com o slogan “O Brasil cresceu, eu quero o que é meu”.
Os trabalhadores vão exigir aumento real de salários, direito de eleger delegados sindicais nas empresas, redução da jornada sem redução de salário e combate às doenças ocupacionais.
Vamos dizer NÃO a essa parceria com patrões e governo.
Aqueles que falam em pacto não falam em nome de todos os metalúrgicos.
Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, Sindicato dos Metalúrgicos de Santos
Apoio:
Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora, CSP-Conlutas, Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Sindicatos dos Metalúrgicos de Itajubá e Paraisópolis, Itaúna, Divinópolis, Ouro Preto, São João Del Rei, Itabira, Governador Valadares, Pirapora, Três Marias, Várzea da Palma e Patos de Minas.