Notícias

Lula questiona Delcídio sobre citação em relatório

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem pela manhã o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao Palácio do Planalto para questioná-lo a respeito da intenção do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), de citá-lo no documento final da comissão.


Serraglio afirmou no início da semana que vai incluir o presidente Lula no relatório por ele ter sido, na sua opinião, “negligente” em relação ao escândalo do “mensalão”. Ele ressaltou, no entanto, que não vai responsabilizar o presidente pelo suposto esquema de corrupção.


As declarações do relator não foram bem recebidas entre integrantes da CPI. A avaliação dos parlamentares tanto da base aliada como da oposição é que Serraglio extrapolou. As articulações são no sentido de poupar o presidente Lula no relatório final.


“Estou conversando com vários líderes [partidários] no sentido de construir um relatório que não seja frágil mas também que não exagere na dose em cima de constatações que não ocorreram”, afirmou Delcídio, que é líder do PT no Senado. Ele negou, no entanto, que o presidente o tenha questionado a respeito do assunto.


“O Osmar foi mais duro do que a própria oposição”, disse um parlamentar oposicionista que integra a CPI dos Correios.
O líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), participou ontem, por cerca de dez minutos, da reunião.


Ele teria se queixado da pressão da oposição para citá-lo no relatório final como contraponto à inclusão do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no documento.  Em depoimento à CPI em agosto passado, o publicitário Duda Mendonça afirmou que houve caixa dois nas campanhas petistas das eleições de 2002.


Ele montou um pacote para o partido naquele ano incluindo as campanhas do presidente Lula, de José Genoino ao governo de São Paulo, de Mercadante ao Senado e de Benedita da Silva para o governo do Rio de Janeiro.


Duda afirmou, no entanto, que emitiu notas fiscais para a campanha presidencial, excluindo o presidente Lula da irregularidade.
Ele também procurou isentar Mercadante, alegando que o custo do serviço prestado para o senador teria sido baixo, já que sua agência de marketing político já tinha uma estrutura montada no Estado.
Já Azeredo admitiu à CPI ter utilizado caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. A fonte dos recursos teria sido o publicitário Marcos Valério de Souza -mesmo esquema utilizado pelo PT.


Azeredo deixou a presidência do partido depois do episódio.
Mercadante negou que tenha falado sobre CPI dos Correios no Palácio do Planalto ontem. Ele afirmou, no entanto, que o presidente Lula quis saber o horário do depoimento do ministro Antonio Palocci (Fazenda) marcado para hoje na CPI dos Bingos.


Em novembro, Palocci prestou esclarecimentos na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) a respeito de supostas irregularidades na sua gestão à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) e o presidente Lula teria assistido ao depoimento até o final, de madrugada, de acordo com parlamentares que se reuniram com ele nos dias subseqüentes.


 

Jornal da Categoria