INTERSINDICAL – 10 anos de consolidação de um instrumento de luta e organização da classe trabalhadora
SEGUIR FIRMES COM NOSSA CLASSE CONTRA O CAPITAL E SEU ESTADO
Nos reunimos na cidade de Campinas/SP nos dias 03 e 04 de dezembro, metalúrgicos, sapateiros, têxteis, trabalhadores na indústria da alimentação, químicos, operários na construção civil, trabalhadores da alimentação, bancários, radialistas, trabalhadores no saneamento, nos correios, professores, trabalhadores do Estado, trabalhadores em empresas terceirizadas, vindos das intensas batalhas em todas as regiões do país. Juntos nesse Encontro vários estudantes que estiveram firmes nas ocupações das escolas e mais do que isso: no processo de luta e lado a lado sabem que são trabalhadores em formação e por isso têm estado presentes em várias lutas juntos conosco.
Não em nome da classe, mas junto à classe mantivemos e ampliamos nossas trincheiras, colocando na prática nossos princípios de independência em relação ao Capital e seu Estado, organizando a luta a partir dos locais onde a exploração acontece.
Durante toda essa década de construção, dissemos NÃO a decretação de instrumentos que tentam em nome da classe, mas não construindo a partir da base a organização da classe trabalhadora para enfrentar o ataque dos patrões e seus governos.
Seguimos firmes dizendo NÃO a conciliação de classes, não permitimos nos locais em que estamos organizados a redução de salários e direitos. Enfrentamos a repressão do braço armado do Estado e das ações do Capital que ao não conseguir nos submeter ao pacto social defendido por todas as centrais sindicais reconhecidas pelo Estado tenta impor outras formas de arrocho e ataque aos direitos.
Persistentes na coerência entre nossa concepção e prática crescemos, mas mais do que crescer numericamente, temos avançado no salto de qualidade sem deixar o trabalho em cada categoria em que estamos organizados, avançar na luta que rompe as fronteiras do corporativismo para ampliar a luta do conjunto da classe trabalhadora.
A Intersindical se construiu no momento em que no Brasil nossa classe viveu a experiência do que significou a realização do projeto democrático e popular: a cooptação, a fragmentação e a contenção das lutas, patrocinada pelo governo do PT que foi aceito pela burguesia para impor a conciliação de classes gestada em décadas anteriores.
Em tempos em que ora a luta de classes se mostrava escancarada, ora oculta, nos dedicamos a contribuir na reorganização do movimento sindical, revelando aos trabalhadores o que tanto o Capital tendo agora um governo nascido das lutas da classe tentava ocultar.
A burguesia decidiu trocar o seu gerente na máquina do Estado e agora os ataques mudam sua forma mas seguem carregados do mesmo conteúdo dos governos anteriores: desmontar a Previdência, aumentar a jornada de trabalho, ampliar a terceirização, reduzir salários e direitos, acabar com a saúde, educação, saneamento.
Tempos duros, tempos em que o Capital libera também sua direita raivosa para ir às ruas, e mais do que atacar os instrumentos que nasceram da luta, mas se transformaram em seu contrário, como a CUT e o PT, querem de fato atacar àqueles e aquelas que não se renderam à conciliação e acreditam e lutam por uma sociedade socialista.
Tempos duros de muito arrocho salarial, de ataques diários em direitos conquistados através da luta de gerações de nossa classe que deram a própria vida para avançar no enfrentamento contra o Capital e seu Estado.
Tempos em que instrumentos que se transformaram e outros que já nasceram como instrumentos para conciliação de classes, tentam novamente enganar os trabalhadores, como a CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CTB entre outras centrais que ao mesmo tempo em que fazem chamamentos para greve geral, já estão em plena discussão com o governo sobre sua intenção de desmontar a Previdência e realizar a reforma trabalhista.
São as mesmas centrais sindicais que dizem ser defensoras dos direitos da classe trabalhadora, que realizaram nas últimas décadas todos os acordos que agora o governo tenta impor ao conjunto da classe na forma de uma reforma trabalhista: lay-off, banco de horas, redução de salários, redução de direitos. Exemplo mais recente e escancarado é a implementação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego que na realidade protege o empresariado) proposta apresentada pelas centrais sindicais, implementado pelo governo Dilma e agora ampliado por Temer que reduz em 30% os salários dos trabalhadores.
Portanto o momento é de avançar na luta enraizando nossa ação em cada local de trabalho, moradia e estudo para que nenhum direito seja a menos e para avançarmos em nossa luta maior contra o Capital e seus Estados nacionais.
Reafirmamos nesse Encontro que a unidade para construção da necessária greve geral deve ser construída de fato e não por convocações superficiais, ou seja, a Intersindical participará de datas nacionais, mas não nos pautaremos pelas convocações de datas que não tem por objetivo de fato construir as ações necessárias para parar a produção e circulação de mercadorias.
Nosso calendário de ação para fortalecer a mobilização passará por jornais nacionais em cada ramo e dias de mobilização em comum no setor produtivo, trabalhadores nos Correios, trabalhadores do Estado.
O próximo passo ainda a ser realizado no primeiro trimestre de 2017 é um Dia Nacional de Luta para avançar das assembleias em cada local de trabalho às paralisações.
Manter e ampliar nossas trincheiras e junto a isso ampliar nossa organização em cada local de trabalho, sendo esse o passo fundamental para consolidar a nossa luta para além da resistência, a luta maior por uma outra e necessária sociedade socialista.
JUNTOS E FIRMES SEGUIMOS COM A CLASSE TRABALHADORA
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