O aumento do feminicídio é fruto do sistema capitalista, que usa do machismo para manter a opresssão
Via: Intersindical.org.br
É necessário garantir o devido isolamento social para todos e políticas públicas que protejam as mulheres
As pesquisas recentes mostram que dobrou o assassinato de mulheres nos últimos dois meses, comparado a igual período de 2019, e aqueles que defendem o fim do isolamento social para atender os interesses capitalistas se inscrevem para ampliar o discurso que estimula a violência contra as mulheres.
Mulheres vítimas de violência doméstica estão mais desprotegidas de qualquer política pública, como medidas judiciais que de fato obriguem o afastamento do agressor e a disponibilização de Casas Abrigo para proteger a elas e seus filhos, num período que estão convivendo ainda mais com seus agressores.
Não é o isolamento social necessário para esse período de pandemia, o responsável pelo aumento das agressões e dos assassinatos contra as mulheres é, sim, a ausência de políticas públicas que protejam as mulheres, junto à ausência dessas ações, o discurso do governo Bolsonaro e de sua corja estimulam e potencializam a violência contra as mulheres.
No dia 29 de março, quando o isolamento social já estava acontecendo no Brasil, Bolsonaro deu a seguinte declaração: “Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Como é que acaba com isso? Tem que trabalhar, meu Deus do céu”.
E o vereador de Campo Grande/MS, Wellington de Oliveira, usou a tribuna numa das sessões da Câmara de vereadores dizendo que o isolamento tinha que acabar, que os salões deveriam ser reabertos, com a seguinte alegação: “Salão é importante. Imagina, a mulher sem fazer sobrancelha, cabelo, unha, não tem marido nesse mundo que vai aguentar”, e para defender a reabertura das igrejas, veja o que esse escroto machista disse: “porque se a pessoa quisesse matar a mulher e os filhos, ele vai e bate na igreja, está fechada. Daí ele fala ‘é um aviso de Deus para eu voltar lá e matar’. Então igreja é essencial, tem que criar mecanismos novos para que a igreja funcione”.
A declaração de Bolsonaro e de seus capachos, além de sexistas e misóginas, são carregadas de preconceito de classe. Esses seres desprezíveis tentam ocultar a verdade para culpar o isolamento pelo aumento da violência contra as mulheres, e mais: afirmam outra mentira, ao tentar dizer que a violência está ligada à condição social. A violência contra as mulheres atinge as mulheres trabalhadoras e também as ricas, mas para as trabalhadoras não há nenhuma proteção de fato.
O governo tenta naturalizar a violência contra as mulheres, como tenta naturalizar o machismo mantido e estimulado pelo capitalismo para aumentar a desigualdade e a exploração do conjunto da classe trabalhadora.
Portanto a luta imediata segue sendo para o isolamento de todos, pela manutenção dos empregos salários e direitos, mas também há uma outra e urgente luta a se fazer: defender a vida das mulheres vítimas da violência que deve ser realizada pelo conjunto da nossa classe.
É preciso lutar:
– Pela criação de espaços emergenciais que possam funcionar como Abrigo para as mulheres.
– Por maior acesso ao disque denúncia, plantões maiores do Judiciário para garantir as devidas medidas punitivas aos agressores.
– Pela extensão do auxílio emergencial para as mulheres vítimas de violência.
Essas são algumas das medidas urgentes nesse período de pandemia, que se somam à solidariedade ativa, que se demonstra em não ser indiferente, e estar lado a lado das mulheres na luta contra a impunidade e em defesa da vida.